“Ô lava a roupa, lavadeira do Abaeté”

Anos 1990-2000

“Ô, lava a roupa, lavadeira... do Abaeté!”

No ano de 1991, as lavadeiras foram proibidas de lavar roupas na Lagoa do Abaeté, pois as autoridades locais afirmavam que o sabão poluía e matava os peixes. Muitas ficaram sem fonte de renda e sem perspectiva de trabalho.

Seria o fim das lavadeiras do Abaeté?

Com a proibição, foi criada uma lavandeira com tanques de cimento no Parque do Abaeté, a Casa das Lavadeiras, mas com a mudança as lavadeiras preferiram lavar em casa. Mesmo diante da crescente desvalorização da paisagem, da cultura local e do avanço da urbanização por toda a cidade, A lavagem de ganho na Lagoa até poderia ter sido interrompida, mas o legado ancestral das ganhadeiras jamais. E foi assim que no final dos anos 1990 começaram a surgir, a partir dos próprios moradores, diferentes iniciativas que buscavam resgatar a memória das antigas tradições do bairro. A demonstração de que o legado das ganhadeiras resiste ao tempo.

Aos poucos, entre uma conversa e outra, entre um samba e outro, os moradores e moradoras da região foram compartilhando seus contos, seus cantos... E foi assim, a partir da retomada dessas memórias, tão afetivas, que o silêncio do esquecimento foi se quebrando e daquele conjunto de vozes, um coral das ganhadeiras foi se formando.

Foto em destaque: Arlindo Félix (Jornal A Tarde, 10/01/1990)

Ganhadeiras