Ganhadeiras: as empreendedoras do trabalho de ganho

Século XIX

Ganhadeiras: as empreendedoras do trabalho de ganho

Uma dessas camadas de história das Ganhadeiras de Itapuã remete ao início do século XIX, quando o regime escravocrata ainda era vigente no Brasil. Foi nesse período que surgiram as primeiras ganhadeiras.

Naquela época, o nome ganhadeiras era usado em referência às mulheres vindas de África, escravas ou libertas, que realizavam diversos trabalhos de cunho comercial (trabalho de ganho) com o fim de dar o lucro para seus antigos senhores. Com o excedente do valor auferido surge também a oportunidade de homens e mulheres comprarem a tão sonhada liberdade.

Escrava de ganho vendedora (Christiano Junior, 1864-1865, Rio de Janeiro)



Foi circulando pelas ruas de Salvador, vendendo seus quitutes em tabuleiros e gamelas, que as ganhadeiras se tornaram conhecidas por toda a cidade. O seu caminhar entre becos, vielas e ladeiras era o empreendedorismo em ação, prenúncio de uma vitalidade que a economia local precisava.

Mas de todos os lugares da cidade, é em Itapuã, antiga vila de pescadores, que o trabalho de ganho e todo seu legado cultural se firma e se expande, entre encontros de lavadeiras na Lagoa do Abaeté e os festejos religiosos que movimentavam toda a comunidade.

Foto em destaque: Negra da Bahia (Marc Ferrez, 1885, Bahia). Fonte: Brasilianas; Instituto Moreira Salles - IMS.

Ganhadeiras